No 12 de Janeiro, no dia após os importantes ajuntamentos que movimentaram os franceses, Latifa responde na entrevista com a revista Figaro-Madame. (em francès aqui)
Seu filho, Imad, foi a primeira das sete vítimas de Mohamed Merah. A onda de ataques da semana passada, a quase três anos após os atentados em Toulouse e em Montauban, despertou os fantasmas de Latifa Ibn Ziaten. Ela que foi ao encontro de jovens de algumas cidades que idolatravam Merah e falavam dele como um « herói ». Ela se apoiou em seu filho e lhes escutou falar de sua trajetória. No dia seguinte ao da marcha do domingo, a fundadora da Assoociação Imad Ibn Ziaten para a juventude e a paz evoca a necessidade de se engajar em campo para encarnar o sobressalto republicano.
Lefigaro.fr/madame. – Como a senhora viveu os atentados da semana passada e a marcha do domingo ?
Latifa Ibn Ziaten. – Eu vivo o sofrimento todos os dias e eu sofrerei sempre. Quando se perde um filho de 30 anos, não se pode virar a página. Um pedaço de mim se foi junto com ele e esses atentados despertaram esse sentimento. Merah matou sete pessoas. Na semana passada foram 12 pessoas que foram mortas. É muito duro. É preciso tirar as lições disso. Eu me coloco no lugar dos outros pais. Ontem eu estava junto a conhecidos das vítimas do ataque ao Hyper Casher e eu senti novamente essa dor horrível. Foi um momento muito forte ver todos os franceses na rua, ouvir-lhes dizer « Não » ao terrorismo, e dizer « Nós não temos medo ». fiquei bastante tocada. Aquilo me fez recorda o momento em que perdi meuu filho ; foi a mesma emoção. Os terroristas queriam colocar a França de joelhos, mas eles foram vencidos. Os franceses ficarão sempre de pé. Hoje eu tenho o desejo de dizer às famílias de conservarem sua coragem. A vida continua e não se deve parar porque todos nós saímos para realizar essa marcha vibrante e solidária. É preciiso que o trabalho continue pela integração dos jovens.
Como ?
Os terroristas se aproveitam dessa geração frágil.
Há três anos eu vou às escolas, cidades e prisões de menores. É preciso ir até os jovens e não abandoná-los, eles que não tem trabalho nem formação. Els são tentados pelo radicalismo pois se sentem infelizes e não vêem como sair da situação em que se encontram. Alguns se dizem esqucidos pela República, deixados de lado, presos na cidade. Essas pessoas, os terroristas, se aproveitam dessa geração frágil. Os pais devem educar e cuidar de seus jovens. É preciso ajudar os pais para que seus filhos não abandonem a escola e se entreguem às ruas. E também ajudar os educadores a transmitir mais amor e amizade. O Governo vai tomar suas responsabilidades e a educação nacional terá um papel importante a desenvolver, pois a escola substituiu as armas e uma parte dos pais que baixaram seus braços. É na escola que devemos lhes fazer compreender sua identidade. A escola deve responder.
Como falar aos jovens que recusaram o minuto de silêncio ?
Algumas alunas me chamaram para falar disso. Acho que alguns não compreendem, por ignorar. É preciso lhes explicaro que é o minuto de silêncio, perguntar-lhes o que eles fariam se fosse em sua família. Explicar-lhes o que é uma caricatura, o que é um desenho, que é preciso ter orgulho de estar em um país livre, com jornalistas que põem em risco a própria vida. Quando lhes explicamos o que é o islam, eles compreendem bem. Basta saber como transmitir, principalmente pelo testemunho e pela discussão. Para alguns deles o que falta é simplesmente amor.
Dizem que contra um opositor deve-se transmitir sua emoção até que ele seja vencido.
É verdade. Quando estou numa cidade ou numa casa e que duas ou três pessoas me enfrentam, eu continuo a falar e me mantenho minha serenidade. Eu ffalo de meu drama pessoal e pergunto « Ser´´a que é isto o islam?». No final sou aplaudida pelos jovens, nunca insultada. Recebo muitos agradecimentos. Com a associação abre-se o diálogo a respeito da vida, do islam, da humanidade. Eu lhes digo que se a gente não respeita a humanidade, como o que aconteceu na quarta-feira, a gente não é mais nada. Eu consegui fazer dois jovens mudar seu ponto de vista sobre juntarem-se à Síria ou ao Iraque. Aquilo me tomou três meses com meu advogado ; eu lhes chamava todos os dias para lhes dizer de não se deixarem cair nas armadilhas dos terroristas. Certa vez, eu trouxe jovens de bairros pobres do Marrocos para lhes mostrar e ensinar o respeito ao próximo, de como viver juntos. Aqueles que fizeram essa experiência mudaram completamente e voltaram para suas casas cheios de energia e ccoragem para continuar seus estudos. Hoje tenho convites para ir a escolas durante todo o mês de janeiro. Eu vou falar do drama, dos jornalistas, dos pliciais e das vítimas do mercado judeu. Em cada ação eu vejo meu filho crescer por meio da associação.
Trad Jovanir